Exmo. Sr. e prezado amigo
O Dr. Carlos Bacelar aceita o cargo de administrador deste concelho. Reside no Concelho dos Arcos e escreve-se para Padreiro – Arcos. É novo, inteligente e penso que é um rapaz aproveitável para a política. Aí vai um papelucho que fez gáudio no meio adverso ao Guimarães. Assina-o um Soares, irmão do Soares das bombas, bacharel em Teologia e solicitador e um borrachinho de profissão. É gente levada de mil demónios! Ficou resolvido o caso Álvaro Aguiam? Eu não quero ter interferência nas coisas dos Arcos e conto-as a V. Exa. já agora, diga-me a verdade, à conta da bisbilhotice. O Álvaro também ali tem seus qq e inimigos. Para agora, para dar uma satisfação ao Guimarães e uma trombada no Juiz Barreiros era obra razoável, para o mais, consolidar o Partido Democrático, mantê-lo unido e respeitado, francamente não serve. V. Exa. terá, decerto, ouvido muito disto, mas no estado em que está a política dos Arcos… ela vê-se muito melhor de fora do que no meio deles. Ali quem não é pela república, fez-se inimigo do Guimarães e fez-se com motivos. Refiro-me ao funcionalismo. O contador, que é cunhado do Alves, o escrivão Lima, o escrivão-notário Barreiros é da primeira categoria. O delegado, o escrivão Rocha Gomes, os notários Albano e Germano fazem o mal que podem ao Guimarães. Junto a isto, na gente que entrou sem condições de moralidade para a república, a do Abade da Grela, e eis os Arcos. Um Juiz Barreiros com a maldade na medula dos ossos é um Juiz de direito incompetente, dizendo ámen com todos, que se deixou ridicularizar no celebre julgamento e que teve a celeridade de uma vez declarar que condenaria o Guimarães, o que decerto sucederia não fosse a habilidade do Dr. Manuel Oliveira, que o zurziu de Lisboa, inquirindo da sua habitual morada e o feitio do então juiz desta comarca Dr. Abel Campos de Carvalho – tudo isto, veja V. Exa., é os Arcos e dos Arcos. O novo Engenheiro Assunção mandou-me notícias com muita animação. É com muita consideração
De V. Exa. muito grato
Manuel Joaquim Lourenço
Barca, 22 de Maio de 1914 |
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