quarta-feira, junho 22, 2005

Alfredo de Magalhães, já de volta ao Porto, continuava a viver em quase reclusão, pois devido a ter sido o único opositor a Afonso Costa no Partido Democrático, continuava impedido de leccionar na Escola Médico-Cirúrgica daquele cidade. No entanto a demissão de Afonso Costa fez com que ele começasse a reconsiderar a sua reclusão da Política.

Meu caro Simas Machado

Não sei há muito notícias suas. Você como vai? Acompanho todos os sucessos com enorme interesse, leio quantos jornais se publicam em Lisboa e cá me vou edificando. Continuo em regime de anacoreta, isolado na minha ilha, entre os meus queridos livros.
Escusado é dizer-lhe que estou em espectativa armada, e que não morreria bem se não realizasse um juramento que tenho cá dentro.
Muito bem. Diga-me quando vem cá ao Porto para conversarmos, que podemos tomar uma resolução importante, e peço-lhe que não se filie em qualquer grupo político sem me prevenir. Ou já deu esse passo? Assim lhe falo, meu caro Simas, porque nunca hei-de esquecer as suas tão nobres demonstrações de solidariedade e consideração e a grandeza do seu porte, quando a “camorra” investiu contra nós. Que pena, como estará o Pimenta?

Abraço-o bem do meu coração

Alfredo de Magalhães

2 de Março de 1914
Avenida Rodrigues de Freitas, 89