Meu caro Simas
Perdoe-me por quem é! Tanto contava e desejava estar consigo à hora ajustada, que adiei para amanhã um jantar que tencionava dar hoje no palácio a um amigo recém-chegado do Brasil. Mas depois das aulas fui obrigado a demorar-me em casa de um cliente; e na rua, logo por mal dos meus pecados, encontrei democráticos vários que houveram por bem ferrar-me outras tantas estopadas. Depois desatei a correr, e quando cheguei a São Lázaro a suar como um galego, toquei Ângelo Vaz e tive de fazer nova estação, esta não de todo inútil. Eu falei bastante, ele, o menos que pode. Discreto tal Taillerand… Mas como os grandes homens (mesmo quando pequeninos) em poucas palavras dizem muito…, ali soube abertamente, ou vi confirmado que Bernardino está de alma e coração com Afonso. Era o que eu dizia ao bom do nosso Pimenta! Aquele jovem deputado é no momento o melhor e mais simples dos barómetros políticos. Não engana um lavrador! Mas temos muito para desabafar, não é assim? O Adriano, se ainda não chegou deve demorar pouco. Ele se encarregará de nos convocar para trocarmos impressões e dizer-nos as que colhem naquela Lisboa. Agora desejo que me perdoe, repito a involuntária grosseria em que incorri não estando em casa quando você teve a gentileza de visitar-me. Creia-me sempre
Amigo dedicado
Alfredo Magalhães 31 Julho 1914 |
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