19/XII/1914
Meu caro Meira
Tenho recebido todas as tuas cartas e muito te agradeço o que tens feito pelo rapaz Bernardo, protegido da esposa do Presidente. Qual o resultado da junta? Acho a situação do Antunes um tanto difícil, para não dizer insustentável mas entendo que não deve ser dada a demissão, em virtude de um telegrama do governador demissionário que o açaimou de desleal. A atitude do Antunes foi precipitada e irritante, mas a acção dos outros por meio de telegramas faz que queira a mostrar. Prece coisa de rapazes. A nossa politica em Viana continua mal e pior irá ser se tu não voltares para lá como governador civil. O Damião não seria mau, mas falta-lhe autoridade para se impor a esses e aos outros. Esta é que é a verdade. Tu melhor sabes do que eu que há elementos importantes e preponderantes que enfileiram (será eufemismo) com a gente do “ povo”. Deveria ter graça e para tudo se completar deveria ele ser o substituído. Bem sei quanto te custava ter de voltar para Viana, mas tem paciência que tal é necessário, não só politicamente mas também para se completar a tua obra. Recebi hoje uma carta do Rodrigo de Abreu que me procurou maluco, com tamanha insistência, na continuação do Guilherme Rodrigues. Isto é fantásti-co!! Nenhum Governador Civil novo terá tamanha lambidela de botas no “Povo” como esta. A situação do Antunes só será resolvida com um Governador-Civil nosso. Diz-me alguma coisa com brevidade.
Um abraço do
Teu amigo dedicado
Luís Ramos Pereira |
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