Reúne-se o Directório (2ª Parte)
Nesta altura o Germano ofereceu-me uma cerveja que eu não aceitei, por me parecer ou lembrar o Rum dos condenados à guilhotina… E andaram todos a passar-me a mão pelo cabelo; Sousa Júnior, o parvo, aconselhara-me, paternalmente, que saísse sem violência, era o melhor, para não ferir a república. Veja você o procurador da república! Germano coçava a careca e monologava: É o diabo, é o diabo… O congresso extraordinário será um chinfrim levado dos demónios… Vitorino, como um porco de focinho voltado para a terra, pensando mais na pia que nestas mirabolâncias da ortodoxia partidária, sempre mudo e quedo… Estêvão, que delicia! Que sensato ele estava! Por fim, já maçado e tomado de infinito nojo perante tanta miséria moral e através da qual eu leio o irremediável afundar da raça, fiz a seguinte fala: Pois bem; dada a importância do assunto, eu quero dar aos senhores mais uma prova da minha reflexão. Vou dormir sobre o caso para que não me acusem de precipitado, e amanhã eu lhes comunicarei por carta a minha resolução definitiva.Acharam óptimo! Perguntaram a quem dirigiria essa carta? Respondi naturalmente: - Para o colega Estêvão, por ser… Ministro de Estado Honorário. Assim ficou assente. Ontem cumpri, enviando a Estêvão a carta que por cópia envio a você só para ficar inteirado da minha atitude. Leia você essa carta duas ou três vezes, pense nele um pouco, e se estiver por isso, diga-me se concorda com a minha orientação.
Amigo certo Alfredo Magalhães
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