segunda-feira, junho 02, 2008

A revolução de 14 de Maio

A seguir ao congresso de 4 de Março, os democráticos estabeleceram uma junta revolucionária constituída por José de Freitas Ribeiro (Marinha), Norton de Matos, Álvaro de Castro e Sá Cardoso (Exército) e Antó￳nio Maria da Silva(Maçonaria e Carbonária) para preparar o golpe contra o governo de Pimenta de Castro. Este golpe deveria ser em tudo idêntico ao 5 de Outubro e apoiava-se na Marinha (O Ramo mais favorável aos democráticos) e nas violentas organizações civis (Carbonária e Formiga Branca), uma vez que os apoios do exército eram reduzidos ou de pouca confiança.

Marinheiros Revoltosos carregam uma peça do cruzador Vasco da Gama - Ilustração Portuguesa
No dia 14 de Maio, a Marinha, Guarda-fiscal, uma parte da Guarda Republicana e 15000 civis armados enquadrados pela Carbonária e formiga branca revoltam-se e ocupam o arsenal da Marinha, onde se apoderam de um grande número de armas. Estas são distribuídas pelos civis. A reacção das tropas fiéis ao governo é tímida e apenas eficaz no primeiro dia. Infantaria 16 ainda cerca o arsenal da Marinha, mas é violentamente bombardeado pelos navios da armada. Artilharia tenta ainda bombardear os navios, mas estes ripostam e arrasam o alto de Santa Catarina. Ao todo crê-se que a revolta de 14 de Maio provocou entre 200 a 500 mortos e mais de 1000 feridos, Até hoje, o 14 de Maio foi a mais violenta revolta que sucedeu em Portugal.

Sá Cardoso proclamando o fim do Governo de Pimenta de Castro – Benoliel-Arquivo fotográfico da C.M.L.

No entanto a maioria dos mortos não ocorreu com os bombardeamentos navais do dia 14, mas sim com as perseguições e ajustes de contas da Carbonária e formiga branca. Entre 14 e 17 de Maio não existiu lei na cidade de Lisboa, o que deu mão livre à carbonária e à formiga branca para realizarem razias, pilhagens e assassinatos dos seus inimigos (+ de 20 policias e vários cadetes da escola de guerra foram sumariamente executados). Tal violência motivou o envio de esquadras de França, Espanha e Inglaterra, e foi apenas a sua presença que acalmou os ânimos e obrigou as novas autoridades a restabelecerem a ordem.

Elementos da Formiga Branca à Porta do Arsenal da Marinha
Sobre a actuação da Formiga Branca, Afonso Costa tece-lhe um profundo elogio nas Páginas do Jornal “O Mundo” –
"A verdade é que a Formiga Branca, como associação ou instituição revolucionária, não existe. A chamada Formiga Branca é apenas o povo que ama a republica, hoje como em 5 de Outubro, e que, por muito a amar, zelosamente a vigia e a defende. O partido republicano português não tem que enjeitar essa formiga branca, porque o partido republicano português tem de ser, e é, um partido popular, no exacto sentido do termo"

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3 Comments:

Blogger Nuno Castelo-Branco said...

Luís, imagine então o que teria acontecido, se os reps tivessem por absurdo, conseguido comprar os 3 couraçados à Inglaterra. Lisboa teria sido arrasada, pois cada bordada de um único navio daqueles, despejava seis toneladas de material explosivo, abrindo crateras colossais. Quanto à vanglória do Costa, ela é o maior libelo de acusação para os crimes cometidos pelo seu partido e restante pandilha.

4:11 da tarde  
Blogger osátiro said...

Agora que se aproxima o centenário da República, era bom que estes acontecimentos não fossem esquecidos.
E denunciar as atrocidades da carbonária e "formiga branca", com certeza totalmente ignoradas do povo português intoxicado com a "pide"...

9:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Viva a formiga branca! Viva Afonso Costa! Viva a República!

12:57 da manhã  

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