Belinho, 28 Jan. 1915
Meu Exmo. Amigo
Bem-haja pelo favor da sua carta que nos consolou. Compreendo e respeito os escrúpulos e melindres de Vexa. Mas consinta que de novo o afirme, – nós não solicitamos, de forma alguma, um favor em prejuízo dos interesses da cidade. Estes estão, fortemente defendidos. Nós é que nos encontramos sem defesa, e em evidente e dolorosa inferioridade de acção. E acudir-nos um pouco, – dentro de nítidos limites, – não deixará de ser, aos olhos de toda a gente de bem, um gesto do nobre justiça. De resto, sincera e lealmente o penso e digo, os próprios interesses da cidade reclamam a interferência de Vexa., a ser certo que ela tenha, como parece ter, vantagem em utilizar a nova casa. Ora, pela opinião do Sr. Antunes Viana, encarniçadamente defendida e apregoada por toda a parte, – vai tornar-se impossível qualquer transacção; e nem esta mesma é precisa, pois que se põe inteiramente de parte o Governo Civil, para aplicar-se todo o dinheiro às avenidas … Não é verdade, como ele informou, termos pedido vinte e cinco contos. Até hoje ainda não fizemos preço, nem oficialmente se tratou dele. Nós queremos e precisamos vender; Vexa sabe-o quasi tão bem como eu. Assim os outros o não soubessem e isso não foi contra nós, uma espada de dois gumes. Mas a nossa vontade tem limites extremos que não está no nosso interesse ultrapassar. Enfim, Senhor Capitão Raimundo Meira, confiamos inteiramente na sua autoridade moral e política, ambas indiscutíveis, para levar as coisas à razão e à justiça. Que deus o traga cedo a Viana de tantas e tão desvairadas gentes. Perdoe as nossas constantes importunações. E, com os afectuosos cumprimentos de todos nós, creia-me na alta estima e consideração do seu muito afeiçoado, grato e desinteressado criado e amigo
António Correia de Oliveira |
3 Comments:
Este é um dos melhores blogs que já li.
Obrigado pelo incentivo
Uma vez mais a confusão entre o Palácio dos Cunhas Sottomayor, em Viana do castelo na Rua da Bandeira e a Casa de Belinho, em São Paio de Antas, Esposende. Um e outro da minha família, mas só o Palácio de Viana estava em causa, como aliás se depreende da própria carta do meu Avô António.
Rui Corrêa d'Oliveira
Enviar um comentário
<< Home