terça-feira, junho 28, 2005

A Organização das eleições

Em 1914, Bernardino Machado, apesar de apoiado pelo Partido Democrático, ainda não se tinha tornado na marioneta manobrada por Afonso Costa, na qual se viria a tornar a partir de 1916, por isso a sua permanência à frente do ministério, e sobretudo à frente do Ministério do Interior, era um obstáculo às ambições individuais de todos os Partido Políticos. Estes desejavam a todo o custo conseguir controlar o governo, para assim poder organizar as eleições da maneira mais favorável aos seus interesses particulares.
Em Outubro de 1914, o Partido Democrático de Afonso Costa, no seu congresso anual aprovou o seu programa:
- Abolição do Senado (Onde o Partido não dispunha de maioria);
- Limitação dos poderes do Presidente da República (Que não pertencia ao Partido);
- Eliminação das representações minoritárias no Parlamento.
Bernardino Machado ao aceitar promulgar uma lei eleitoral, desenhada para a obtenção de uma maioria absoluta do Partido de Afonso Costa, faz estalar o conflito com os Unionistas e os Evolucionistas, que abandonam o Senado de modo a impedir a aprovação da lei eleitoral, conseguindo assim isolar completamente Bernardino Machado, que se demite.

domingo, junho 26, 2005

O Governo de Bernardino Machado

O governo de Bernardino Machado era constituído por 3 democráticos (Monteiro, Cabreira e Gonçalves), dois neutrais (Pereira d’ Eça e Lisboa de Lima, um adesivo (Sobral Cid) e um Camachista (Neuparth). A Distribuição das pastas era a seguinte:
- Bernardino Machado (Presidente do Conselho, Interior e Negócios estrangeiros)
- Pereira d’Eça (Guerra)
- Augusto Neuparth (Marinha)
- Manuel Monteiro (Justiça)
- Tomás Cabreira (Finanças)
- Aquiles Gonçalves (Fomento)
- Lisboa de Lima (Colónias)
- Sobral Cid (Instrução)
A presença de Manuel Monteiro no Ministério da Justiça, garantia que os democráticos continuavam a manter em respeito a Igreja. Bernardino controlava o Ministério do Interior para organizar Eleições Livres.
Bernardino tentava equilibrar a balança, tentando construir uma clientela para assim ser o árbitro do regime. Aliviou as perseguições anti-clericais, permitiu o regresso a Lisboa de D. António Mendes Belo e publica uma amnistia para presos políticos, a qual no entanto não abrangia os chefes monárquicos, o que desagradou aos moderados e reconheceu o estatuto de “revolucionários civis” à formiga branca de Afonso Costa, colocando-os em empregos públicos.
As eleições gerais estavam previstas para Novembro de 1914. No entanto o deflagrar do conflito europeu no final de Julho de 1914, veio baralhar completamente a politica interna Portuguesa.
No início do conflito, parecia que a política beligerante de Bernardino Machado, apoiado pelo Partido Democrático ganharia popularidade e nesse sentido o Congresso concedeu a Bernardino quase carta branca.

quarta-feira, junho 22, 2005

Alfredo de Magalhães, já de volta ao Porto, continuava a viver em quase reclusão, pois devido a ter sido o único opositor a Afonso Costa no Partido Democrático, continuava impedido de leccionar na Escola Médico-Cirúrgica daquele cidade. No entanto a demissão de Afonso Costa fez com que ele começasse a reconsiderar a sua reclusão da Política.

Meu caro Simas Machado

Não sei há muito notícias suas. Você como vai? Acompanho todos os sucessos com enorme interesse, leio quantos jornais se publicam em Lisboa e cá me vou edificando. Continuo em regime de anacoreta, isolado na minha ilha, entre os meus queridos livros.
Escusado é dizer-lhe que estou em espectativa armada, e que não morreria bem se não realizasse um juramento que tenho cá dentro.
Muito bem. Diga-me quando vem cá ao Porto para conversarmos, que podemos tomar uma resolução importante, e peço-lhe que não se filie em qualquer grupo político sem me prevenir. Ou já deu esse passo? Assim lhe falo, meu caro Simas, porque nunca hei-de esquecer as suas tão nobres demonstrações de solidariedade e consideração e a grandeza do seu porte, quando a “camorra” investiu contra nós. Que pena, como estará o Pimenta?

Abraço-o bem do meu coração

Alfredo de Magalhães

2 de Março de 1914
Avenida Rodrigues de Freitas, 89